Foi ontem, mas o Blogger não me deixou postar.
Uma homenagem a todos os operários das letras, que, com inspiração e
trabalho dedicado, traduzem em palavras o que passa despercebido pela
maioria dos mortais.
POETA, NÃO DÁ FOLGA À TUA PENA!
PALAVRA
Palavra.
Quero o dom da palavra,
falar frases sem nexo,
construir orações incoordenadas,
descoordenadas,
perplexas...
A perplexidade
me assusta
e me anima.
Nela me escondo,
e escondo
meu temor
de não saber falar,
de não construir
frases
desconexas...
Frases
destituídas de sentido,
pobres de ritmo,
afogadas
num rio de sílabas...
desorientadas e frágeis.;
Meus lábios
as compõem,
as expiram.
Minha garganta
as liberta,
lentamente,
desconexamente,
deliradamente.
E meus dentes
se cerram
e se trincam,
e elas fogem,
por entre os dentes,
e se dilatam.
Sons nasais,
sons bilabiais,
sons guturais...
Fonemas.
Eu os construo,
e os expugno.
Delicadamente,
honestamente,
eu proclamo a minha fraqueza,
a minha singeleza,
a minha falta de jeito,
em construir
palavras.
Falo em amor,
e roma,
e mora,
e omar,
e ramo...
Sou minha pena,
e meu fonema,
é pálido,
é pacato,
não tem matizes,
é só um fonema...
humano...
Bel Plá