" Quando me ponho a compor frases e rimas, não sou mais eu a pensar, mas a Alma de Poeta que cisma em fazer giros no ar..."


sábado, 28 de dezembro de 2013

Laços

Doce acalanto esses teus abraços...
Neles eu me acalmo,
e me esqueço
do lá fora.
Neles eu me perco
e deles eu preciso
e eles eu quero
e peço.
Enquanto me dás,
eu me entrego
no abandono maior
que só tu me faz.
Horas doces, ao teu lado,
eu passo
e quero
e peço.
E nos teus braços,
é tanta loucura,
que a vida lá fora
não tem mais sentido
nessas doces horas
que ao teu lado passo
      Bel Plá

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Milagres...

... um pedaço do paraíso

No recôndito de montes e estradinhas
descortina-se uma nova paisagem
um pedaço do paraíso
onde saguis pulam de galho em galho
e o peixe-boi repousa
sossegado e protegido
no rio Tatuamunha.
Nas estradas com imensos coqueirais
a suave brisa
balança folhas que encenam
estranhas danças
e embalam sonhos urdidos em segredo.
O silêncio repleto de gorjeios,
farfalhos e rebentações
torna imposível não acreditar em Milagres.
O mar verde esmeralda
canta ao amanhecer
e quando a maré baixa
deixa os corais à mostra,
múltiplas formas e cores
delatam a vida
que segue escondida,
guardada e segura
nas mãos de Deus.
          Bel Plá
            Lilás

sábado, 30 de novembro de 2013

Prosa Poética

          TECENDO OS FIOS DA VIDA

"Eu te olho... E nesse olhar está contida uma vida inteira.
Como se eu viesse te olhando... por toda a eternidade."

"Quando éramos crianças e víamos nossa mãe sentar na beira da nossa cama, não precisava muitas explicações: tínhamos certeza que a partir daquele instante a dor ía passar.
Hoje sabemos que ela estava rezando."

"Silenciar é aquietar as vozes do mundo exterior, muitas vezes gritantes e apegadas ao mundo material e permitir que a voz do nosso interior, que é divina, fale mais alto e nos conduza ao caminho correto."

"Nos cabe viver pelo próprio ato de viver. Celebrar a vida enquanto estamos estourando os fogos, enquanto estamos peleando, enquanto estamos buscando, enquanto estamos elaborando o resultado de um fracasso, enquanto estamos planejando uma volta por cima... Se vamos ter sucesso no final? Quem disse que existe final? Esta é apenas uma das etapas. Viva!"
Bel Plá - Coletânea nº 20 - Centro Literário Pelotense/2013

domingo, 8 de setembro de 2013

Ciranda dos Pagos

Minha homenagem ao meu Pago no mês farroupilha, faz parte da Ciranda dos Pagos
http://centroliterariopelotense.blogspot.com.br/


Cisma de tropeiro

Fogo de chão... brasa acesa,
um tropeiro a cismar.
Aqui tão longe dos pampas,
tem horas que a saudade é tanta
e a vontade de voltar.
Madrugada, campereava
no lombo do seu matungo,
na chuva ou na geada,
não era dono de nada,
mas tinha um pedaço de chão.
Era uma vida bem simples
peleando de sol a sol.
Não tinha luxo nem renda,
nasceu naquela fazenda,
seu pai era o peão.
Cresceu, aprendeu a lida,
seguiu os passos do pai.
Mas o cheiro do progresso
seduzindo aquele moço
traçou rumos desiguais.
Na cidade o passo é outro,
desacorçoado então
Vê sua vida se findar.
É só um tropeiro a cismar...
- Por que deixei meu rincão?
Bel Plá

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Gota d'agua

Meu nome é gota,gota d'água,
minha vista anda turva,
ando meio desorientada.
Nasci H2O,
mas minha composição
faz tempo foi alterada.
Minha função
é aplacar a sede,
mas minha gente
vai ficar desidratada.
Continuo com volume,
mas minha essência,
que outrora era conservada,
de tanto destrato,
e a lei manipulada,
me deixou com cheiro ruim,
com fama de vilã:
- Cuidado, pode estar infectada!
Se teu corpo é pura água,
se é azul teu planeta,
começa com uma gota,
valoriza essa riqueza
e a Vida vai ser preservada!
Bel Plá
Foto: Bel Plá
Camping das Pedras - Arroio do Padre
Alma de Poeta

terça-feira, 16 de abril de 2013

Os legítimos herdeiros

Na beira da estrada,
eles vendem cestas...
São muitos, de tamanhos vários.
Filhos do anonimato,
da necessidade...
Herdeiros de uma grande nação,
não sabem disso...
Pois nos livros de História,
são os selvagens,
os preguiçosos,
os indomáveis.
Inicialmente a arma de fogo,
depois a catequização,
hoje reféns da invasão.
Sua água está poluída,
sua floresta, reduzida a reservas,
seu corpo, de hábitos naturais,
hoje é exposto a enfermidades várias.
Ontem os donos da terra,
hoje seus filhos correm atrás dos carros,
na beira da estrada,
em busca de uns trocados.
Será que sonham em um dia tê-la de volta?
Bel Plá

domingo, 31 de março de 2013

Poema de outono


Cheiro de fruta madura,
é outono
no meu coração.
Vejo as folhas caídas,
sinto a leveza do vento,
a Vida seguindo seu ciclo.
Assim como as árvores,
reciclo meus ganhos,
meus planos,
meus sentimentos.
Tomo a forma latente,
mudo o ritmo,
me acalmo
e adormeço.
e nesse aparente sossego,
a Vida,
que é vibrante,
liberta-se das minhas amarras,
e elabora
novos brotos,
renovados,
para resplandecer na primavera!
(Bel Plá)